CANTO DE FRASSINO

Os meus horizontes são de Vida e de Esperança !

Textos

CHUVA, NEM OITO NEM OITENTA
Ele há mesmo uma coincidência tremenda
Que a todo o vulgar humano mete confusão:
O crente entreabre uma janela de oração
E o descrente ironiza de tal encomenda.

E veio chuva e mais chuva, como prenda,
Em todo o lado a terra abriu-se em turbilhão;
Água e mais água, numa agreste convulsão,
Que a ingénua Natureza nunca tem emenda.

Em que ficamos? Não era chuva o requerimento?
Raios, trovões e coriscos vão acontecendo,
Nem oito nem oitenta, espantos vão-se vendo
E o cidadão comum revê-se em contratempo…  

“Venha ela e mais venha”, diz o camponês
Deitando a sua mão ao pertinente arado,
“A ver se a gente descansa ao menos um bocado”…

“Venha ela e mais venha”, riposta o burguês
Que odeia tudo aquilo que não lhe convenha:
“Pois, se não fores a lavrar” irás apanhar lenha!

Frassino Machado
In ODIRONIAS
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 04/11/2017


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