Na boda de Caná já não havia vinho
Mas a festança dava mostras de durar
Com os artistas cheios de força p´ ra dançar
Havendo ainda convidados no caminho.

Levantou-se na sala um grande borborinho
E todos a Maria foram protestar
Pois se pensavam que o vinho ia sobejar
Estão agora os noivos em triste desalinho.

- Senhora, vede o azar que nos aconteceu!
E o Mestre ali ao fundo não se apercebeu.
- Fazei, ó homens, tudo o que Ele vos disser!

- Não há mais vinho p´ ra ninguém, ó Adonai?
- Ai sim? Naquelas talhas além água deitai,
Quem até aqui bebeu, pode beber o quiser!

Ó colossal, ´spantosa e ´stranha novidade,
Aquela dura crise mostrou em evidência
Qu´ os humanos corações s´ alegram de verdade
Desde que o “vinho novo” bata a concorrência!

Frassino Machado
In MUSA VIAJANTE