Nesta República azarada,
De enfadonho horizonte,
Em nevoeirenta jornada
Onde está Maria da Fonte?

Em cada dia que passa
Nascem heróis em manada
Com eles cresce a desgraça
Nesta República azarada.

À porta batem credores
A colher juros a monte
Em casa só devedores
De enfadonho horizonte.

Devem grandes e pequenos,
Todos de uma assentada,
Em cada esquina há venenos
Em nevoeirenta jornada.

Contas feitas com firmeza,
Na miragem desta ponte,
Perante uma tal fraqueza
Onde está Maria da Fonte?

Da riqueza deste País
Restam apenas ossadas
Com uma foice pela raiz
Virão novas madrugadas.

Há promessas indecisas
Com um cinismo na fronte
Mais heroínas são precisas
Iguais a Maria da Fonte!


Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA