Dois actos inigualáveis, que coincidência,
Nesta festivaleira data de verão,
Em S. Paulo o Mundial, torna-se efervescência,
Na alfacinha lisboeta marcha a tradição.
Girândolas bem-vindas lá a estrelejar
E os antoninos noivos aqui a festejar.

Se na paulista arena a bola faz evento
Num prélio inaugural digno de estremecer
E se na excelsa Catedral tem casamento
Como pode, nos dois, António comparecer?
Já sei. Tal como outrora, sendo ou não verdade,
Em S. Paulo e em Lisboa fará ubiquidade.

É de alma nobre o generoso S. António
E faz questão de toda a gente agraciar,
Sendo casamenteiro ao ritmo do harmónio
Gosta de ver a bola e até duns chutos dar.
E p´ la sua atitude, qual acto de valor,
Revela-se no mundo um grande benfeitor.

Mas descuidou-se, e bem, o santo franciscano
Pois levou na viagem o seu petiz gaiato
Que, ao ver Ronaldo com a bola soberano,
Saltou dos braços seus com todo o aparato:
- Quero também chutar naquela redondinha
Mostrando que esta bola é minha, muito minha.

Da nossa selecção o Santo é o Desejado.
Mesmo que não se sinta “o melhor do mundo”
Ele só, como ninguém, dá conta do recado
Levando a qualquer sítio o seu amor profundo.
Ó noivos de eleição, aproveitai agora;
Ó lusos combatentes, força, é esta a hora!

Frassino Machado
In A MUSA DOS ESTÁDIOS

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