CANTO DE FRASSINO

Os meus horizontes são de Vida e de Esperança !

Textos

O TÓ DAS AVENCAS
Um tal fulano magricela
Lá das bandas de Lordelo
Passava por Guardizela
Com boina sobre o cabelo.

Dizia pra toda a gente
Com um vaso em cada mão
Que era muito diligente
E amante da profissão.

- Trago estes vasos jeitosos
Na minha cesta bornal
Têm flores e são cheirosos
E ficam bem no quintal.

- São baratos e sem mossa,
E neles não há encrencas,
Não gosto que façam troça
Por ser o Tó das Avencas.

- Troco os vasos por avencas
Para vender nas vielas
São mais finas que as pencas
E dou minha vida por elas.

- Tenho muitas encomendas,
Nem vejo quem tal consiga,
E até já dão pr´ as merendas
Na taberna do Bexiga.

- Quando atravesso na linha
Gozam comigo a valer
Mas se eu me passo da pinha
Hão-de ficar a gemer.

- Sou Tó mas não sou totó,
Que é uma coisa feia e rara,
Se não param o farrabadó
Parto-lhes a todos a cara.

E era assim o castiço Tó
Que nem nele tinha mão,
Arreliado, metendo dó,
Dava co´ s vasos no chão.

Era magro e muito esguio
Aquele Tó vendedor
Andando num corrupio
Atrás do senhor Prior…

Quando a gente pensa nisto
Dá-nos vontade de rir
Mas, neste mundo de Cristo
Quantos Tós hão-de emergir?

Frassino Machado
In CANÇÃO DA TERRA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 20/10/2014


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