Mote: “Malho o aço malho o aço
com a força do cansaço!”
José Félix

Qual a forja do Hefesto
Esta vida é do caraças,
Dou o corpo ao manifesto
E o que vejo é só desgraças.

Malho o aço malho o aço
Este fogo é um desperdício
Com a força do cansaço
Fica em xeque o meu ofício.

Nunca dá prós carcanhóis
Como fadava Marceneiro…
Levam tudo os espanhóis
Co´ o suor do dia inteiro.

Se este azar nos não bastasse
Que diremos dos chinocas
Dão-nos a volta no enlace
E nada sobra para as trocas.

A vil política bate a sorna
Faz de conta, faz de conta,
E eu aqui nesta bigorna
Tal e qual barata tonta…

Com a força do cansaço
Já não sei como viver
Malho o aço malho o aço
Até à hora do morrer.

Nesta oficina da vida
Onde ninguém tem juízo
Em cada cabeça perdida
Malhar bem seria preciso!

Frassino Machado
In ODIRONIAS