“Ora toma, ora toma lá!”
Diz o adulto pra criançada
A malandrice já cá está,
Portanto, é tempo de palmada.

Gesto simples, mas persuasivo
No dia de hoje, ou d´ amanhã,
- Já que perdeste o teu juízo
“Ora toma, ora toma lá!”

A primeira tarefa educativa
Dá pelo nome de palmada
“Ora toma lá”, é a lei da vida,
Diz o adulto pra criançada.

A curiosidade bate à porta,
Todos espreitam daqui pra lá,  
Quando o educar é letra morta
A malandrice já cá está.    

De pequeno se torce o pepino,
Vem na Bíblia… e mais nada,
Alguém asneirou em desatino
Portanto, é tempo de palmada.

O Pai Eterno não o decretou
Nem sequer disso teve intenção
Foi o Papa que o demonstrou
E, porque o fez, foi com razão…

Palmadas pra quem prevarica,
Palmadas pra quem mete a mão,
Palmadas pra quem reivindica
Mais empregos, melhor condição.

Palmadas pra quem vai à escola
E nunca cumpre os seus deveres
Palmadas pra quem vai à bola
Cobiçando estranhas mulheres.

Palmadas para os maus polícias
Palmadas para os governantes
Que misturam cargos e sevícias
Continuando tudo como dantes…

Palmadas para os banqueiros
E pra todos os contabilistas
Fingem ver a cor dos dinheiros
Mas acabam em vigaristas.

Palmadas para os deputados,
Prós tribunais sem competência,
Palmadas para os advogados
Que s´ aproveitam da violência.

Palmadas para os maus gestores
Mascarados por vis manobras,
Palmadas prós angariadores
De produtos banha-das-cobras.    

Palmadas para os empresários
Exploradores de clientelas,
Palmadas prós ventos contrários
Que vestem modas e bagatelas.

Palmadas prós maus cardeais
Que conspurcam o Vaticano
Muitos deles estão lá a mais:
Foram lá postos por engano.

Palmadas para os maus artistas
Que usam o palco com vaidade,
Tudo o que fazem é fogo de vistas
Abusando da liberdade.

S´ há palmadas no seio do bosque
Serão brisas d´ algum protesto,
As das mãos ou do rabiosque
São ecos de banalíssimo gesto.  

“Lei das palmadas” está na moda,
Não é de agora a descoberta,
Quem a adopta entra na roda
Com dividendos na hora certa!

Frassino Machado
In ODIRONIAS