“Para Otília d´ Henriques”

Anda o mundo tão disperso,
Tanto faz como desfaz,
Com o seu coração perverso
E a sua alma contumaz.

Cada vida é contingência
Entre o verso e o reverso
Reina o medo e a pestilência
Anda o mundo tão disperso.

No que toca ao coração
Cada emoção é ineficaz
Dentro dele há confusão
Tanto faz como desfaz.

Crise assim é muito estranha
E o seu efeito é adverso
O próprio medo se entranha
Com o seu coração perverso.

Contrição valerá a pena
Neste vazio de paz?
Sua energia é pequena
E a sua alma contumaz.

Que dizer da Divindade?
Ela escreve por linhas tortas
E ao coração de ansiedade
Ela troca sempre as voltas…

O tempo do coração
Só o coração conhece,
Mas, co´ as asas da emoção,
Quando quer se engrandece.

Há que ter coração forte
Para iniciar a viagem
E também a estrela da sorte
Que dá valor e coragem.

Ó coração, onde estão as asas
Que necessitas pra voar?
Teu voo vai sobre brasas
Falta a fé p´ ras encontrar.  

Vou contigo com vontade,
Apesar das contingências,
O teu arfar de liberdade
É a melhor das referências.

Sursum corda, como convém
A quem tem pressa de viver,
Tu precisas de paz e bem
E de esperança pra vencer.

Não receies, este é o sonho
Com as asas de carinho,
O tempo que tens é risonho
E só tu sabes o caminho!

Frassino Machado
In OS FILHOS DA ESPERANÇA