“A Constituição e a pedra no sapato”

– Queremos resistir, queremos resistir;
Nós somos livres e ninguém nos vai travar!
Assim gritaram umas dezenas de cidadãos
Olvidando o seu dever de contribuir
Para que o sol, pra todos nós, volte a brilhar…

– Nenhum Covid nos impede de dar as mãos,
Qu´ a dita epidemia não passa de uma farsa!
Assim gritaram estes arautos da desgraça,
Desprezando sua vida na sorte de estarem sãos
Não tendo pejo em complicar a vil devassa!

– Estamos protegidos pela Constituição;
E ao abrigo do seu Artigo vinte e um!
Assim agiram, misturando a Resistência
Co´ a sua rebeldia e muita confusão
Num grande desafio, sem valor algum!

Sinais do tempo… e gestos dum infeliz trato
Que põe a nu a educação e a cidadania,
Esquecendo-se que têm pedra no sapato
Quebrando as regras da pura Democracia
P´ la falta de respeito ao lídimo Contrato!  

Síndroma Vinte e Um – num Ano Vinte e Um –
Prova evidente de qu´ há outras intenções!
Que “mão secreta” estará por detrás de algum
Mentecapto infeliz, manobrando emoções…
E, como bem se vê, sem proveito nenhum?...

A Lei Fundamental, de nome Constituição,
Tem, nela própria, uma dinâmica singela:
Princípios justos que não ´stão em contramão
Servindo de Farol, clareando à luz dela,
O caminho a seguir por cada Cidadão!

Caros concidadãos, que Liberdade é esta
Que anda, de rua em rua, por fatalidade
À laia duma Justiça meio indigesta,
Que deixa os energúmenos na impunidade
Pondo de rastos uma moral de fim de Festa?

Falar em “Resistência” é mesmo uma vergonha
Quando, por todo o lado, cheira a pandemia
E a Confinação vai cada vez mais enfadonha…
P´ los vistos alguém tem prazer na fantasia
E não s´ importa da Desgraça qu´ é medonha!?  

Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA