(*)

Dum raio? Foi o que disse? Ai esse critério!
Se o fora… tudo ficaria entendido.
Mas não. Ninguém o sabe, talvez mistério…
Este “apagão”, oh, até foi divertido.

De manhãzinha… apagão nos autocarros;
Ao meiozinho da manhã… viram o apagão?
Ao fim da manhã… descobriram uns charros?  
Não há rede elétrica em lado nenhum, não…

Comprometido que está todo o enredo,
Alguma coisa, de facto, aconteceu…
Vê-se, em tudo o que é gente, um pesadelo,
Tão grande enfado que até brada ao céu.

Se foi raio? Virem pra lá essa boca!
Apagão é coisa muito importante:
Quando há, toda a gente se mete na toca
Esperando a hora do desencante…

Passou a manhã, a tarde e a noite,
Não há rede, nem metro, nem telefone,
Nem aquela de “fofoca de açoite”
Que dá sentido à hora de ser homem…

Apagão, afinal o que aconteceu?
Dizem que na Espanha foi o assento (?)
Ora, cá está a razão deste escarcéu:
De lá, nem bom vento, nem casamento…

Assim como veio, também pra lá vai
E não deixa saudades a ninguém,
Ai dos coitados a quem isto sai
E, de proveito, nem sequer um vintém!

Chega a notícia, da boca dos Maiorais:
“Amanhã, amanhã, tudo normal
Se não houver mais outros ruins sinais” …  
Tem um pai qu´ é cego com´ é natural!

Haja luz! O Apagão, esse, foi-se embora…,
Terá sido brincadeira de mau gosto?
Afinal, tudo acaba sempre em boa hora
Vamos já pra casa, pra lá do sol-posto.

Apagão, o pai de todas as emoções!
Apagões, venham eles e mais venham,
Como que do prior os seus sermões:
Ameaçam, ameaçam, mas nem arranham!

Cada apagão, é sempre apagão dum raio…
Quando o há… nem aquece, nem arrefece,
Ele, quando vem, apenas serve de ensaio
Para um “diz-se que disse” e nada acontece.

Estamos, pois, na “república das bananas”?
Nem tudo aquilo que parece, é…
E, quando é, fica tudo de pantanas
E, “toma lá” já lá diz o amigo Zé!


Frassino Machado
In INSTÂNCIAS DE MIM

(*) - À quebra de energia "eléctrica geral"
de 28 - 04 - 2025