Entre os humanos traquejos
dos que são mais predilectos
há os profundos desejos
de uma cultura de afectos.

Quando olho p’ los caminhos
crianças órfãs de beijos
sinto a urgência de carinhos
entre todos os lampejos.

Quando olho nos lavores
desprezo e humilhação
sinto a falta de valores
e do bem a promoção.

Quando olho a meu lado
longos braços em tensão
sinto a falta de cuidado,
de justiça e de pão.

Quando olho à minha frente
negras faces virolentas
sinto uma vida descrente
e as almas pestilentas.

Quando olho à minha volta
gente rica e com vaidade
sinto sinais de revolta
por não ver felicidade.

Quando olho em agonia
tristes vidas sem sentido
sinto a falta de alegria
e um final desconhecido.

Quando olho secos olhos
sem lágrimas p´ ra chorar
sinto mil e um escolhos
e uma luz quase a apagar.

Quando olho sem parar
um mundo que nada vale
sinto-me eu a interrogar:
onde é qu’ está o Natal ?



Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA